segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

O FANTÁSTICOS E INDIGENAS DE DOURADOS/MS

Irmãos, Irmãs, Amigos e Guerreiros!

Vi a matéria do Fantástico sobre a situação dos irmãos indígenas Kaiwá, Terena e Guarani de Dourados.

De um lado, fiquei triste por rever, rever o quadro que todos nós conhecemos e sabemos que é uma dura realidade, e por outro lado, fiquei indignado e provocado diante da matéria terminar em prostituição e ver a FUNAI dizer nada.

Volto a comentar que o Espírito Guerreiro do Índio tem que voltar a fazer parte da nossa luta irmãos!

Uma luta só se vence quando o povo, a comunidade e os lideres com seus guerreiros estão unidos.

Não se trata de sair amanhã pelas ruas de Dourados gritando, brigando ou abaixando a cabeça, se sentido humilhado.

Temos que lembrar que Dourados vive porque conta com a terra indigena, a melhor da região, mas tem um comercio, igrejas, fazendas, onde muitos jovens indígenas estudam, trabalham, convivem com dignidade, mesmo sendo chamados de "bugres".

Gosto sempre de relembrar a luta da juventude sulamericana contra toda forma de ditadura, principalmente a militar e cantavam um hino que voces podem ver no Youtube - http://www.youtube.com/watch?v=fvlgM70tBGc.

Naquele tampo a causa juntava artistas, pensadores, professores universitários, estudantes em busca da paz e do bem comum, afinal, O Povo Unido Jamais será Vencido!

*MARCOS TERENA*
http://twitter.com/MarcosTerena
http://www.youtube.com/marcosterena

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

A REVOLUÇÃO CULTURAL INDÍGENA


Irmãos Indígenas, Amigos e Guerreiras.

Cada dia, cada semana, cada mês, cada ano surge um curso sobre o tema indígena. Geralmente feito pelo homem branco, produzido e inventado em salas apertadas com ares condicionados.
Depois de pronto, correm atrás de algum dinheiro, patrocinio do governo ou de outro.

É quando entra a figura indígena. Tornam-se amigos, aliados, etc... Geralmente são utilizados irmãos indígenas que vivem fora de suas aldeias mas mantém lingua, costume e conhecem a tradição.

Esse é o truque usado contra os indígenas ao longo de todo processo colonizador.

É hora de levantar a bandeira indígena sobre a Educação.

Uma Universidade Intercultural Indígena no Brasil seria um grande passo para a autonomia pessoal e coletiva dos direitos indígenas: conhecimento em igualdade de condição com o mundo global.

As instituições educacionais e os intelectuais tem um verdadeiro pavor dessa verdade e por isso, oferecem migalhas como bolsas de estudos, cotas e ainda falam que estão fazendo-nos bem e que é um reconhecimento...

Tomara que a nova geração raciocine sobre isso e busque concretizar esse sonho, mesmo que demore algum tempo.

Isso sim, que se poderia chamar: revolução ...cultural!


Marcos Terena

Guerreira Indigena Fala!

Irmãs Indígenas, Amigos e Guerreiros.

Ontem encontrei o Velho Paiakan na FUNAI.

Conversamos sobre a luta indigena de ontem quando expulsávamos garimpeiros e invasores para garantir a demarcação das terras, preocupados com o momento que vive o movimento indígena nosso Brasil. Hoje o jovem indígena só quer saber de notebook, viagens, hotéis, celulares e mordomias como se isso fosse direito e não um privilégio.

Por isso, anoto abaixo, a Carta de uma Guerreira Indígena escrita para despertar o espirito guerreiro do Índio Brasileiro porque estamos dormindo como se tivéssemos tomado uma dose de anestesia. Vamos despertar:

Uma velha Wintu religiosa fala com tristeza da destruição brutal e desnecessária de sua terra pelos brancos...

“O homem branco jamais se preocupou com a terra, nem com o veado, nem com o urso.
Quando nós, índios, matamos um animal, comemos ele todo.
Quando queremos arrancar uma raiz, fazemos peque­nos buracos no chão.
Quando construímos casas, também fazemos pequenos buracos.
Quando queimamos a erva contra os gafanhotos, não arruinamos tudo.
Recolhemos as bolotas e as pinhas. Não derrubamos árvores. Usamos apenas madeira morta.
Mas os brancos reviram a terra, arrancam as árvores, matam tudo.
A árvore diz “Não! Eu sou sensível. Não me fira”. Mas eles a derrubam e a cortam em pedaços.
O espírito da terra os odeia.
Eles destroem as árvores e as puxam pelas entranhas. Eles serram as árvores. Isto as fere.
Os índios nunca ferem nada, enquanto os brancos destroem tudo.
Explodem rochas e as espalham pelo chão. A pedra diz “Não! Você está me ferindo”.
Mas o branco não pres­ta atenção.
Quando os índios usam pedras, escolhem as menores e arredondadas que servem para a cozinha.
Como é que o espírito da terra pode gostar do homem branco?
Onde o branco põe a mão há sofrimento.”

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Diálogos entre Índios


Juvenal.

Lendo sua mensagem fico mais animado diante do tal de empoderamento indígena. Os governos realmente não conhecem nossos valores, mas também começo a acreditar que isso nada importa para nós, ou como dizia o grande Jesus, o Cristo: quem tem ouvido pra ouvir, ouça....

Um dos trabalhos que compartilhei com hermanos indígenas foi analisar entre nós mesmos, o sentido do chamado "empoderamento indígena" e a "autonomia indígena", termos que os homens brancos criaram para definirem a nós como se comportar se queremos ter acesso a isso seja no individual e no coletivo. Então nasceu a chamada consulta livre, previa e informada e o no caso do Brasil, o governo começou a fazer micro-seminários e a levar um monte de papéis, fazer crachás, comentar e fazer grupos de trabalhos. Tres dias depois a consulta estava consolidada.

Por isso, escrevi ainda hoje um texto sobre a Mulher Indigena Doutora, e vejo que o caminho indigena é outro, do empoderamento sim, mas sem pedir benção ou crachá para o homem branco, e isso eu quase não estava enxergando, mas acho que está surgindo uma canoa na curva do rio... e vem cheio de guerreiros e guerreiras, mas todos sem flecha. Agora são cameras, computadores e celulares... Que coisa!

Abração.

Marcos Terena


Em 26 de janeiro de 2011 04:43, Juvenal Teodoro escreveu:

Onde Marcos Terena diz amem, precisa ousadia para dizer A.., mas vamos lá.
Acredito que o Dr. Daniel Munduruku conhece muito o I modus vivendi (
palavrinha) dos milhares de indígenas que mora na aldeia. Puxa, como
é difícil falar com eles. Eles estão na aldeia. É um movimento rural.
O que não impede aquele indígena fora da aldeia manter contato com um
mundo produtivo e desenvolvimentista que quer vê-los fora da aldeia,
de preferência em uma favela sonegando a sua identidade. E assim
enfraquece o movimento indígena. Diferente dos movimento indígenas,
por ser urbano o movimento negro teve líderes nacionais, alguns
mundiais, suas vozes ecoaram pelos quatro pontos cardeais.
A avalanche de protestos e lutas do despertar recente, deu resultados.
Deu-se mais atenção, escola, liberdade de entrar no ônibus do branco, acesso
aos meios de comunicação, trabalho, acesso ao poder nas empresas – a
presidente da Xerox é uma negra – eles destacaram-se ente os brancos
nos esportes, e na política, pois na África sempre se destacaram
nestas posições. Sempre foram reis e rainhas, empresários, juízes e
outras autoridades.
Aqui não foi assim. Os colonizadores já conheciam o mundo negro desde
Júlio Cezar e Marco Antonio que da África se apoderaram dela mas não
como foi feito na Aby-Ayala. A sua rainha. Ora aqui foi diferente. O
povo indígena era os donos e tinha a posse de um grande continente que
foi dividido em três ou quatro. Um continente cujas riquezas produtiva
vegetal e animal capaz de suprir e de certa forma acabar com a fome e
a miséria de então decadente continente europeu, as riquezas minerais
e matéria primas foi capaz de revolucionar o mundo de então. Portugal
e Espanha, Holanda, Inglaterra e França desfrutaram destas riquezas
como nem uma outra nação. Algumas delas investiram na educação e na
cultura, fundaram um modo peculiar de produzir – o capitalismo –
próprio para dar conta do fantástico empreendimento. As ciências
econômicas e sociais surgiram aí, o mercado toma novas dimensões.
A tecnologia deu poder a seus possuidores, até hoje, a chantagem da
tecnologia, do conhecimento e do mercado esmaga os povos. Os povos
transformaram-se em nações e as nações em uma aldeia global.
Ainda é a terra e o sub solo o gerador das riquezas do mundo mas sem
o saber, a tecnologia e o acesso ao poder de estado para pouco serve.
Leis foram imediatamente criadas por estados democráticos para uns e
autocráticos para os outros. Os povos indígenas sempre – sempre -
foram os outros. As leis impostas mediante a bazuca deram
sustentabilidade aos governos nacionais e estes submeteram aos povos
indígenas, habitantes primevos (mais uma palavrinha) destituíram de
sua possessão , sua maior riqueza – a terra – e com a terra
desmantelou-se a cultura do povo indígena.
Vejo por esta mira a razão das lutas internas, do distanciamento dos
povos indígenas dos centros de poder – cultura é poder – porque índio
não tem vez? Para não despertar sobre seus direitos. Se índio tiver
vez terá também, voz e poder, como teve Kffi Annan, Mandela, como tem
Senador Paim, Barack Obama. O índio que sabe questiona a validade do
ato do tratado de Tordesilhas, de Madrid, de Santo Idelfonso, mas não
há índio com direito a voto nos tribunais, nem acesso a cultura.
As questões internas existem em todos os lugares. Entre os índios
acredito ser, de certa forma útil para mantê-los fora da disputa pelo
poder da voz. Acho que o povo índio, aqueles que detém alguma parcela
de poder e voz tem feito sua papel, mas precisa avançar. O Daniel
está escrevendo, seus livros chegam nas livrarias e nas escolas, Dora
chegou ao ministério da Cultura, uma indígena graduou-se nas forças
armadas e Marcos Terena é um embaixador. Existem índios com
carteirinha da OAB falando nos tribunais. Desanimar jamais nem
cansar, é preciso perseguir, se expor para chegar aos lugares onde
se podem criar leis e revogá-las, onde a fala do índio será ouvida,
caso não seja pelo voto, mas que seja pelo saber e a teima, em
qualquer tribunal, assim fez Martin Luter King, Reverendo Jesse
Jackson, o Olodum, Netinho, Abdias Menezes .
Sem esquecer do exemplo tinhoso do Cacique Mario Juruna, do Cacique Raoni e outros heróis indígenas.
Tenho Dito
Juvenal Payayá

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O PODER E AS MULHERES INDÍGENAS


Prezadas Irmãs Indígenas.

Vejam como é importante falar, escrever, salientar e também ouvir.

Nossa tradição indígena é a oralidade e não a formalidade, mas agora as Mulheres Indígenas vem acendendo postos com qualidade intelectual, educacional e sem deixar de lado o emocional e o tradicional. Mais uma lição dos Povos Indígenas.

Por isso lancei aquela idéia de termos uma Presidenta na FUNAI, assim como sempre apoiei as Mulheres como respeito a tradição dos meus pais e avós, e uma das primeiras guerreiras que tive ao meu lado ao lançar o movimento indigena no inicio dos anos 80, foi a Sra. Kitéria Pankararu, hoje vivendo no campo eterno.

Hoje em dia existe uma gama de Mulheres Indígenas, jovens e senhoras, em vários níveis de atuação, mas eu observo e sempre cobro, sem acesso ao poder das politicas públicas e isso tem que mudar. São de várias etnias e que estão estudando ou já com formação universitária em vários cursos. Poderia citar uma variedade de Mulheres Indígenas que já caminharam com a gente em vários cenários, inclusive no exterior.

Conheço e valorizo muitas, e como em todo lugar, umas se destacam mais que outras, mas se a gente esquece de citar alguma é porque fica difícil lembrar ou conhecer a todas, sem qualquer intenção de discriminar ou excluir.

Nós que atuamos e demos inicio com 15 jovens indigenas, todos homens, sempre ficamos emocionados ao ver uma formanda, uma mestranda e até doutoranda pegando seu diploma.

No fundo do meu coração, penso que pessoalmente contribui para isso no passado. Agora é ir em frente!

Em todos os eventos que promovemos ou participamos, sempre exigimos a presença da Mulher Indígena com voz tradicional, força de espirito e ícone de um novo tempo.

Se não participamos de algum evento de formatura não é porque não estamos prestigiando, mas porque o convite não chegou ou porque faltou grana pra estar presente.

Viva as Irmãs Indígenas.

Viva as doutoras indígenas.



*MARCOS TERENA*
http://twitter.com/MarcosTerena
http://www.youtube.com/marcosterena

A PALAVRA INDÍGENA

  • AWIRI - Tudo bem em Karajá
  • KALIVONÓ - criança em Terena
  • KURUMIN - criança em Guarani
  • MANANI DIKUTÉ? Como se chama? Em Kayapó
  • ÚNATI - Como vai em Terena

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